Receber pagamentos do exterior como pessoa jurídica exige mais do que “o número da conta”. Se você recebe de bancos e pagadores estrangeiros, vai precisar de dados para receber remessa internacional em conta PJ.
Abaixo você encontra um guia prático, com checklist de dados, documentação e passos para evitar retenções indevidas e atrasos — com dicas especiais para quem exporta serviços de tecnologia.
O que o pagador no exterior normalmente solicita
- Razão social exatamente como consta no contrato e na conta bancária
- CNPJ da empresa beneficiária
- Endereço completo da empresa (rua, número, cidade, estado, CEP, país)
- Banco recebedor no Brasil (nome oficial)
- Agência/branch e número da conta (conforme padrão do seu banco)
- Tipo de conta (corrente/conta de pagamento empresarial)
- SWIFT/BIC do banco brasileiro
- Endereço do banco (cidade/UF)
- Banco intermediário (correspondente), se exigido para USD/EUR
- Moeda e valor da remessa (USD, EUR etc.)
- Propósito do pagamento (ex.: “exportação de serviços de TI / software”)
- Dados do remetente (nome/razão social, endereço, país e, às vezes, tax ID local)
- Referência do pagamento: número da invoice/contrato/período faturado
Observação importante: o Brasil não utiliza IBAN. Se o formulário do pagador exigir IBAN, deixe em branco e informe SWIFT + agência + conta. Exceção: algumas fintechs oferecem contas internacionais com IBAN próprio fora do Brasil; nesse caso, use o IBAN fornecido por elas.
Documentos que o banco costuma pedir (compliance)
- Contrato de prestação de serviços com o cliente estrangeiro (escopo, moeda, prazo, forma de pagamento)
- Invoice/fatura comercial com descrição do serviço, período, valor, moeda e dados do pagador/beneficiário
- Comprovantes de execução (se aplicável): timesheets, entregáveis, aceite
- Formulários fiscais do país do pagador, quando exigidos
Atenção para quem recebe dos EUA: se sua empresa (CNPJ) presta serviços para clientes americanos, o pagador normalmente pedirá o Form W-8BEN-E (versão para pessoas jurídicas). Ele comprova que a empresa é estrangeira e evita retenções automáticas nos EUA. Para pessoa física, a versão usual é o W-8BEN.
Passo a passo para configurar a conta PJ e receber do exterior
- Confirme com seu banco/fintech se a sua conta empresarial aceita remessas internacionais e peça o SWIFT e, se necessário, os dados do banco correspondente para cada moeda.
- Padronize a invoice: inclua razão social, CNPJ, endereço, SWIFT, agência, conta, banco, moeda e a descrição do serviço (“desenvolvimento de software”, “suporte e manutenção”, etc.), além do período e da referência do contrato.
- Cadastre o beneficiário no sistema do cliente com os dados acima. Se for cliente dos EUA, anexe o W-8BEN-E preenchido e assinado pela empresa.
- Alinhe previamente com o seu banco a natureza cambial da operação (exportação de serviços). Isso reduz questionamentos e acelera a liquidação.
- Acompanhe a liquidação: após o envio via SWIFT, o banco no Brasil processa o câmbio e credita em reais, descontadas tarifas e spread. Guarde o contrato/comprovante de câmbio para a contabilidade.
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Tributação: o que considerar na prática
- Impostos no Brasil: a apuração ocorre na PJ conforme o regime (Simples, Presumido ou Real) e sua atividade. Se você está começando, avalie se abrir CNPJ como desenvolvedor em um regime adequado já reduz sua alíquota efetiva.
- Notas fiscais: emita NFS-e no seu município mesmo quando o tomador é no exterior (exportação de serviços).
- Diferença cambial: variações entre a data da invoice e a liquidação podem impactar o resultado; registre corretamente.
- Documentos de câmbio: arquive DCC/contratos de câmbio para auditoria e declarações anuais.
Se você atua em tecnologia, uma estrutura fiscal bem desenhada evita pagar mais imposto do que o necessário. A Peres & Fernandes é referência em contabilidade para desenvolvedores/programadores e cuida de abertura, faturamento e câmbio de ponta a ponta.
Boas práticas para evitar atrasos e devoluções
- Consistência cadastral: razão social na invoice deve coincidir com a titularidade da conta
- Descrição clara do serviço: “exportação de serviços de tecnologia”, “desenvolvimento de software”, “suporte e manutenção”
- Moeda e valores: mantenha a moeda contratada; mudanças ad hoc geram revisões manuais
- Correspondente bancário: confirme se seu banco exige correspondente específico para USD/EUR/GBP
- Compliance recorrente: para recebimentos regulares, alinhe um “dossiê padrão” com seu gerente de câmbio
FAQ — dúvidas rápidas
Preciso de IBAN para receber no Brasil?
Não. Use SWIFT + agência + conta. Só utilize IBAN se a sua fintech fornecer um IBAN de conta internacional.
Posso receber em conta de pagamento de fintech?
Sim, desde que a fintech suporte entrada via SWIFT para PJ e faça câmbio empresarial.
Há limites de valor por remessa?
Variam conforme políticas do banco/fintech e o seu perfil de compliance. Para tickets maiores e recorrentes, avise o gerente de câmbio.
Sou dev e atuo nos EUA. W-8BEN ou W-8BEN-E?
Para PJ (CNPJ), W-8BEN-E. Para PF, W-8BEN.
Programador pode ser MEI?
Existem atividades tecnológicas que não se enquadram no MEI. Confira as regras atualizadas em programador ou desenvolvedor pode ser MEI antes de decidir.
Agora você já sabe os dados para receber remessa internacional em conta PJ
Definir corretamente dados bancários, documentação fiscal e propósito cambial evita devoluções, retenções e atrasos. Profissionais que atuam no exterior como PJ devem integrar contrato, invoice, câmbio e contabilidade numa rotina organizada. Se você quer estruturar tudo isso com segurança — da abertura de CNPJ para desenvolvedor ao recebimento em moeda estrangeira — conte com especialistas em contabilidade para desenvolvedores/programadores.
